Irã - Mesmo em Meio a Perseguição, Louve!
Uma experiência transformadora: foi assim a minha primeira viagem ao
campo, em abril de 2006. Depois de um ano de planejamento e preparativos,
cheguei ao Irã.
Jamais esquecerei aquela noite ao chegar a Teerã, a capital, quando a
alfândega descobriu que um dos meus colegas de viagem carregava Bíblias em
sua bagagem. Minutos se transformaram em horas de angústia e medo, mas o
primeiro milagre aconteceu: nosso colega foi liberado.
Ainda assustados e com a sensação de estarmos sendo seguidos e vigiados, levamos alguns dias para relaxar e retomar a missão de entregar as Bíblias e encontrar irmãos iranianos.
Tudo havia sido minuciosamente planejado. Visitamos várias cidades com
diferentes guias turísticos. Quando a viagem parecia estar chegando ao fim foi
que ela realmente começou. Havia chegado o momento de fazer nossa entrega.
Era domingo de Páscoa; a lembrança da ressurreição e vitória do Mestre foi
bálsamo e ânimo para aliviar a forte tensão de nossa alma.
A porta diante de nós se abriu e encontramos abrigo e segurança em uma única frase: "Sejam bem-vindos!". Que paz meu coração sentiu ao saber que eu cumpriria o meu maior propósito: o de chegar até eles e lhes deixar a Palavra de Deus, as Bíblias pelas quais muitos cristãos iranianos são presos, torturados e até mortos.
O contraste que havia naquele culto de Páscoa marcou minha vida e mudou
a minha maneira de orar pela causa dos irmãos perseguidos. Havia um lado
sombrio, que era o rígido controle do Estado e dos basijis ― a polícia da moral
iraniana. Esse lado obrigava aquela igreja a ter seu culto filmado
e entregue para a análise das autoridades.
Além disso, tinham de assegurar que nenhum iraniano
traidor ― como são chamados os que trocam o islã pelo cristianismo ―
frequentasse as reuniões. Mas ao mesmo tempo, outro lado naquele culto
lembrava a luz que faz romper a escuridão, a paz e o amor que lançam fora todo
o medo, e a coragem e ousadia que só têm verdadeiramente aqueles que
experimentaram a verdade libertadora. Foi literalmente assim.
As irmãs tiravam o véu para louvar.
Eu não entendia uma só palavra, mas a formosura de suas faces,
o sorriso e singeleza de coração me davam a plena e perfeita compreensão de
que éramos um em adoração àquele que disse ser um com o Pai.
Ainda me lembro da pregação que veio a seguir, na qual o pastor afirmou,
com autoridade e entusiasmo: "Ele vive, creia!". A mensagem extraordinária era
que, embora o sistema, as regras e os costumes ameaçassem a liberdade e até a
vida, Jesus havia ressuscitado e vive para todo o sempre.
Esta deve ser a razão da
liberdade da escolha por ele, o Messias, o salvador de cada iraniano.
Fonte: Revista PortasAbertas – www.portasabertas.org.br
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